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Channel: MONUMENTOS DESAPARECIDOS
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Bairro de lata no Morro do Seminário. (Porto)

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Vista dos diversos casebres, barracas feitas de madeiras velhas, que existiram na encosta do Morro do Seminário, perto do actual Colégio Salesiano, também denominado Colégio dos Órfãos do Porto. 
O conjunto de clichés data de 1947.
Clique nas imagens para as ampliar
 Casebres
 Vista parcial da Ponte Maria Pia, em segundo plano da imagem


 Vista parcial do antigo Seminário, em segundo plano da imagem

Imagens:
- In Arquivo Municipal do Porto

Livraria Lopes da Silva. (Porto)

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Situava-se na Rua Chã, mais exactamente nos números 101-103 e como muitas outras livrarias de rua, tombou perante as alterações de mercado que este sector passou a sofrer. As instalações, bem como os andares superiores, encontram-se nesta data, para venda.

Imagem:
- Alexandre Silva

Ponte de Cabaços. (Reriz/Castro Daire)

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Reriz é uma freguesia do Concelho de Castro Daire, no Distrito de Viseu. Sobre as águas do Rio Paiva, que por ali passa, existem algumas pontes. Uma delas, é o que resta, da Ponte de Cabaços.
Construída em alvenaria de granito, de tabuleiro horizontal, apoiado em arcos e com um perfil medieval idêntico a muitas outras do género, como a ponte medieval de Canaveses, ou a ponte de Cavez, a ponte da Cabaços, foi definitivamente destruída por uma cheia, em meados dos anos 60 do séc XX.

Imagem:
- Autor desconhecido

Cruzeiro do Senhor da Saúde. (Braga)

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Oratório do Senhor da Saúde.  BPI de cerca de 1910
Este cruzeiro datava de princípios do século XVI e foi mandado erguer pelo Arcebispo D. Diogo de Sousa que o mandou colocar junto à Sé Primaz. 
Posteriormente o cruzeiro foi transferido para junto do recinto onde se situava, o hospital da Devesa, erigido por D. Frei Bartolomeu dos Mártires, no local onde se situa hoje o parque da Ponte. 
Em 1625, por ordem do Arcebispo D. Afonso Furtado de Mendonça, foi transferido para o Largo das Carvalheiras, junto da demolida Capela de S. Miguel-o-Anjo. 
Após esta última mudança, foi deslocado um pouco para Sul desse largo, ficando localizado junto a onde hoje se ergue a Escola Primária da Sé.
Foi-lhe acrescentado uma cobertura metálica que assentava sobre quatro colunas graníticas em estilo renascença as quais eram vedadas com grades de ferro.
Em 1912, devido ao forte sentimento anti-clerical, impulsionado por um regime Republicano, que tentava apagar o papel da Igreja na sociedade, alguém apedrejou o cruzeiro, durante a noite, danificando-o.
Após este atentado, o Oratório do Senhor da Saúde foi desmantelado e transferido, em 1914, para o Parque da Ponte. 
O bando de carbonários que, levados pelo sentimento doentio de ódio e opositor à Igreja imposto pela 1.ª República, apedrejaram este e outros cruzeiros na cidade de Braga, como o cruzeiro do Senhor da Saúde, o cruzeiro da Cruz de Pedra, o cruzeiro alpendrado de Infias e ainda o cruzeiro de S.Lázaro (neste último monumento, os vândalos, quebraram os braços e as pernas da imagem de Cristo, que mais tarde seriam consertados) tiveram um fim apropriado, pois um deles morreu sem pernas e sem braços, que lhe foram amputados devido a uma grave doença e o outro morreu sem pernas depois de um comboio lhe ter passado por cima no ramal de Braga. 

Imagem:
- BPI (digitalização)
Fonte:
- CMB

Solar de Lamas - Quinta de Lamas. (Paranhos/Porto)

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Também conhecida por Casa de Canavarros, Casa das Viscondessas de Lamas e Casa das Viscondessas de Roriz. 
Não é ainda «Monumento Desaparecido» mas, tal como muitos itens aqui abordados, um forte candidato ao título, até porque não dispõe de qualquer protecção legal, pelo que apuramos. 
 Entrada principal, pela Rua Dr. Manuel Pereira da Silva, zona quase engolida pelo polo universitário
A propriedade do Solar de Lamas é uma quinta setecentista erguida numa zona rural dos arredores da cidade do Porto, na freguesia de Paranhos, hoje naturalmente integrada pelo desenvolvimento da cidade, embora não se tenha perdido por completo a noção do enquadramento original, entre casario modesto e terrenos murados. O acesso ao terreiro da casa faz-se através de um portal em arco abatido encimado por um frontão recto interrompido, que apresenta ao centro o brasão, esquartelado, dos primeiros proprietários, enquadrado por duas volutas algo desmesuradas. 
A casa nobre desenvolve-se em U, com uma longa fachada central, a oeste, entre dois corpos mais avançados, com dois pisos, fazendo-se o acesso ao andar nobre por uma escadaria de aparato com dois lanços ao longo da parede, cujo vão forma um corpo avançado onde se rasga, no piso térreo, um portal de entrada para as lojas. A escadaria está revestida com azulejos azuis e brancos modernos, idênticos aos que correm a fachada em rodapé. 
Num dos corpos laterais está a capela da quinta, com um portal decorado por um singelo enrolamento de volutas sobre o lintel, encimado por janelão cujo frontão, em arco abatido, se ergue um pouco acima do friso sobre o qual se desenvolve o frontão. Este é triangular, embora abatido, e possui uma alta cruz ao centro, e dois fogaréus nas extremidades. A casa inclui ainda anexos agrícolas, jardim e terreno de cultivo, estando o conjunto muito degradado.
 Portal em arco abatido encimado por um frontão recto interrompido, que apresenta ao centro o brasão

Imagens:
- Alexandre Silva
Fonte:
- IGESPAR

Urinol da Academia de Bellas Artes. (Porto)

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A história do antigo convento de Santo António da Cidade, pertença dos frades menores reformados de São Francisco, remonta a 1783, ano em que teve início a sua construção, em terrenos situados em São Lázaro. Pensava-se, à época, que este poderia vir a ser um dos maiores edifícios conventuais da cidade do Porto, mas as obras prolongaram-se por longas décadas e em 1834, ano do decreto que estabelecia a Extinção dos Conventos, não estava ainda concluído. O que não impediu a instalação neste espaço das tropas inglesas, numa época (1831) em que os religiosos haviam já abandonado o convento. Depois de 1834, a história do edifício é paralela à da Biblioteca Municipal do Porto, que acolheu nas suas instalações a partir de 1842. Entretanto, também aqui estiveram sediadas a Escola de Belas Artes e o Museu Municipal.
Academia de Bellas Artes. Emílio Biel & C.
A Biblioteca foi criada por D. Pedro IV em decreto com data de 3 de Julho de 1833, tendo conhecido diversas instalações, antes de adoptar, definitivamente, as do antigo convento de Santo António, doado à Câmara em 1839. A inauguração ocorreu a 4 de Abril de 1842, remontando a esta época o retrato do rei, que ainda hoje se conserva. Aqui se recolheu boa parte das bibliotecas conventuais, constituindo este o fundo inicial da instituição, depois enriquecido pelas aquisições do seu 2º bibliotecário, Alexandre Herculano. 
Do antigo convento resta apenas o edifício, uma vez que a igreja foi demolida. Este, desenvolve-se em função do claustro, de dois andares, que se abre para o pátio através de uma arcaria de volta perfeita, no primeiro, e janelas de frontões curvos, no segundo. Ao centro, um chafariz ostenta a data de 1789. 
Na fachada, que fica voltada para a actual Avenida Rodrigues de Freitas, existiu um urinol público, tal como em muitos outros pontos da cidade. 
Situava-se junto à esquina com a Rua D. João IV e foi retirado há muitos anos do seu local. Tal, tem sido o destino de todos os antiquíssimos urinóis, que existiam na invicta.

Imagem:
- BPI, cliché de Emílio Biel in Repositório Temático da U. P.
Bibliografia:
- Direcção-Geral do Património Cultural

Fonte do Mercado do Anjo. (Porto)

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Fonte do Mercado do Anjo. Inaugurada em 1845
Já falamos anteriormente do Chafariz do Mercado do Anjo, que se situava no interior do mesmo. 
Ao contrário do chafariz, a Fonte do Mercado do Anjo, ficava localizada entre uma escadaria dupla de alvenaria, virada para a Rua das Carmelitas. Possuía um tanque, para o qual brotava uma fonte, sendo deste modo, parecida com diversas outras fontes, que nesta época existiam na cidade.

Imagem:
- AMP

Ferros Velhos. (Porto)

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Porto, Ferros Velhos, cliché obtido de Norte para Sul
Os "Ferros Velhos" uma espécie de feira ou mercado, equivalente à "Feira da Vandoma", ou à "Feira da Ladra" de Lisboa, era desde meados do século XIX um pitoresco mercado do Porto, onde se vendiam toda a espécie de artigos novos e usados. 
Situava-se no Largo do Correio, hoje Rua Cândido dos Reis, e ocupava a parte Nascente da cerca do Convento das Carmelitas.
Porto, Ferros Velhos, cliché obtido de Sul para Norte
Este mercado foi legalmente extinto, em de Abril de 1894, no entanto só em 1904 seriam demolidas as últimas barracas, pois alguns mercadores não queriam abandonar o seu espaço.

Imagens:
- Alvão
- BPI - Editor- Arnaldo Soares

Convento de S. José e Santa Teresa das Carmelitas Descalças. (Porto)

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Convento das Carmelitas Descalças – Foto de Antero Seabra, 1857 -1864
A Ordem das Carmelitas Descalças obteve autorização de D. Pedro II para fundar um convento no Porto, em 1701. A Câmara concordara com a condição de as mulheres nobres terem prioridade de admissão. 
As obras do convento decorreram entre 1702 e 1732.
O cerco do Porto, em 1832, precipitou a saída das religiosas deste convento. Em 1833, a Comissão Administrativa dos bens dos extintos conventos tomou conta do edifício e do que nele existia por ter sido abandonado pelas religiosas.
Após a extinção do convento, em 1833, as suas instalações acolheram a Escola Normal, a Direcção das Obras Públicas, os Correios e Telégrafos, o Teatro Variedades, entre outros serviços, e nos terrenos da sua cerca tiveram lugar uma série de diversões (exibições de animais ferozes, espectáculos de variedades e circo), para além de peças de teatro popular. E até um Mercado de Ferro Velho.
A cerca do convento deu lugar à Rua da Galeria de Paris, projectada para ter uma cobertura envidraçada à moda das galerias parisienses, onde, em 1906, se ergueu um edifício em estilo Arte Nova classificado como imóvel de interesse público.
As Monjas Carmelitas Descalças formam parte de uma Família Religiosa, que vem na esteira do monaquismo oriental e que tem como inspiradores os Padres Antigos do Monte Carmelo, particularmente o Profeta Elias e Eliseu. No século XVI, Santa Teresa de Jesus, monja Carmelita do Mosteiro da Encarnação de Ávila, reforma a Ordem, querendo voltar ao primitivo fervor do Monte Carmelo, e dando-lhe um cunho missionário e apostólico.
"A primeira «Fórmula de vida» carmelitana encontra-se expressa na Regra de Santo Alberto de Jerusalém."(const.I,3) Esta Regra data do início do século XIII. 
"Olhando os Padres Antigos do Carmelo, especialmente o Profeta Elias, a Ordem toma uma consciência mais viva da sua vocação contemplativa, orientada por completo à escuta da Palavra de Deus - LECTIO DIVINA - em completa solidão e total separação do mundo."(cfr.const.I,2) 

Bibliografia:
- U. Porto
- Arquivo Distrital do Porto

Capela de São Francisco de Paula / Capela de S. Francisco Xavier. (Porto)

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Capela de São Francisco de Paula, na Quinta do Gouveia
Localizada na rua de Serralves, em Lordelo do Ouro, é também conhecida por "Capela da Quinta dos Frades" e por "Capela da Quinta do Gouveia" (devido ao nome de família do proprietário). 
A capela fazia parte do antigo hospício ou brévia de religiosos da ordem de S. Francisco de Paula, conhecidos pelos "Mínimos".
Tendo estado referenciada pelo IGESPAR foi o seu processo encerrado não tendo actualmente qualquer protecção legal. Construída em finais do séc. XVIII, encontra-se actualmente em total estado de ruína.
Fachada principal
Imagens:
- Alexandre Silva

Ponte de Guifões. (Matosinhos)

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Ponte de Guifões 
A Ponte de Guifões, de origem romana, seria totalmente reconstruída e melhorada durante a Idade Média.
Esta ponte possuía um tabuleiro de perfil horizontal de cerca de vinte metros de comprimento e reforçado através de guardas com aberturas semicirculares, a ponte apresentava na sua origem três arcos ogivais de dimensões variadas e respectivos talhamares. 
Classificada como IIP - Imóvel de Interesse Público, foi destruída  na sequência de um forte temporal que assolou toda a região em 1979. Da estrutura primitiva, chegaram até nós somente os arranques do arco da margem esquerda e parte do da margem direita. 

Imagem:
- Arquivos SIPA

Ponte de Ferro ou Ponte do Comboio. (Matosinhos-Leça)

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Já aqui abordamos, de forma colectiva e individual, as várias pontes que existiram na Foz do rio Leça, antes da abertura do porto artificial de Leixões. A titulo individual, consideramos que carece falarmos da antiga Ponte de Ferro, também chamada por Ponte do Comboio, que ligava Matosinhos a Leça da Palmeira.
Ponte de Ferro ou Ponte do Comboio
Por esta ponte atravessou a pedra necessária à construção do molhe Norte. A linha seria mais tarde usada pelos comboios da linha da Boavista-Leça e da Póvoa de Varzim.
O comboio passando junto ao Forte Nossa Senhora das Neves, em Leça da Palmeira
Imagens:
- in A.M.C.M.M.
- BPI, Edições Estrela Vermelha

Escola Primária de Cedofeita. (Porto)

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Escola Primária de Cedofeita (demolida)
O edifício onde funcionou a Escola Primária de Cedofeita, localizava-se no espaço compreendido entre a velha igreja românica de Cedofeita e o edifício, onde por muitos anos funcionou a Faculdade de Farmácia. A escola era um grande e sólido edifício em granito, composto por cave, rés-do-chão e 1.º andar.
 Igreja de Cedofeita , vendo-se a demolida escola, em segundo plano
 A escola em segundo plano, na esquerda da imagem. Na direita a Faculdade de Farmácia
As imagens traduzem algo que contraria o senso comum. Apesar das grandes obras de restauro realizadas pelo Estado Novo, na recuperação da igreja românica, nos anos 30, tenham tido dimensões surpreendentes no local, não foram as causadoras do derrube da escola, que como muitos habitantes desta zona sabem, funcionaria ainda na década de 50. A explicação para a demolição do edifício está relacionada com o Plano Auzelle, que incluía a reestruturação dos edifícios do Ensino Primário (obviamente com a total demolição de alguns). A isto, talvez não seja demais somar o interesse e a grande necessidade que havia em alargar as ruas envolventes a este edifício.
 Vista geral da igreja. Em segundo plano vemos a escola e a faculdade

Imagens:
- AMP
- BMP

Torre da Lagariça / "A Illustre Casa de Ramires". (S. Cipriano, Resende)

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Torre da Lagariça. Cliché de A. Cochofel em 1927
                               
Já a abordamos, inúmeras vezes ao longo dos anos, na página do facebook, devido ao seu valor histórico e literário (por muito que tentem, é impossível excluí-la do Circuito Queiroziano) no entanto não sendo um item desaparecido, pois este imóvel ainda existe e resiste, nunca lhe dedicamos uma publicação neste espaço. 
Por a acharmos mais que merecedora, tal será feito agora, englobando a mesma na nossa secção de "Retratos do Passado".
Torre da Lagariça - "A Illustre Casa de Ramires"
Localizada na Freguesia de S. Cipriano, no Concelho de Resende, data da primeira metade do século XII a edificação da Torre da Lagariça, um sólido torreão militar de planta quadrada, que ficaria imortalizado na obra de Eça de Queiroz, "A Illustre Casa de Ramires"
O acesso a este imóvel pode ser feito pela E.N. 222 (ao km 95,5, e a 100 m, por caminho rural).
A fundação da torre teria como primeiro objectivo a defesa da linha do Douro na época da reconquista Cristã, servindo de torre de atalaia, mas a sua função militar perdeu significado com o estabelecimento das fronteiras mais a norte. Como tal, no século XVI a torre seria adquirida pela Brasonada família Pinto, senhores da Torre da Chã e do Paço de Covelas, e em 1610 voltaria a ser vendida, desta vez à família Cochofel, a qual é sua proprietária. 
Deverá datar do início do século XVII a adaptação da torre medieval para habitação senhorial, sendo então edificado um corpo de planimetria em L em volta do núcleo original, integrando-o num dos extremos da casa. O corpo do solar divide-se por três registos distintos e as fachadas são marcadas pela disposição de portas e janelas, de molduras rectangulares, tendo sido construída uma varanda alpendrada no piso superior na fachada principal. A torre não foi alterada, mantendo a planimetria original e as feições das suas fachadas, que se destacam pelo reduzido número de fenestrações.  
Actualmente está classificada como IIP  (Imóvel de Interesse Público).
Torre da Lagariça em S. Cipriano, Resende
“A torre, antiquíssima, quadrada e negra, sobre os limoeiros do pomar que em redor cresceram, com uma pouca de hera num cunhal rachado, as fundas frestas gradeadas de ferro, as ameias e a miradoura bem cortadas no azul de Junho, robusta sobrevivência do Paço acastelado da falada Honra de Santa Ireneia solar dos Mendes Ramires desde os meados do século X."
Eça de Queirós c. 1882
“A sala de jantar da Torre, que abria por três portas envidraçadas para uma funda varanda alpendrada, conservava, do tempo do avô Damião … dois formosos panos de Arrás representando a «Expedição dos Argonautas». Louças da Índia e Japão, desirmanadas e preciosas, recheavam um imenso armário de mogno. E sobre o mármore dos aparadores rebrilhavam os restos, ainda ricos, das pratas famosas dos Ramires que o Bento constantemente areava e polia com amor… almoçava e jantava na varanda luminosa e fresca, bem esteirada, revestida até meio muro por finos azulejos do séc. XVIII, e oferecendo a um canto, para as preguiças do charuto, um profundo canapé de palhinha com almofadas de damasco.”

“Por baixo da Torre (como lhe contara o papá) ainda negrejava a masmorra feudal, meio atulhada, mas com restos de correntes chumbadas aos pilares, e na abóbada a argola donde pendia o polé, e no lajedo os buracos em que se escorava o potro. E, nessa surda e húmida cova, ovençal, bufarinheiro, clérigos e mesmo burgueses de foro uivavam sob o açoite ou no torniquete, até largarem, agonizado, o derradeiro morabitino. Ah! A romântica torre, cantada tão meigamente ao luar pelo Videirinha, quantos tormentos abafara!...”

“E como o visconde aludia ao desejo, já nele antigo, de admirara de perto a famosa Torre, mais velha que Portugal – ambos desceram ao pomar. O visconde, com o guarda sol ao ombro, pasmou em silêncio para a Torre; reconheceu (apesar de liberal) o prestígio que resulta de uma tão alta linhagem como a dos Ramires…”

- In A Ilustre Casa de Ramires, Eça de Queiroz

Bibliografia e Fontes:
"Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses", Lisboa, 1948, ALMEIDA,  João de
 DGPC
Imagens:
- A. Cochofel
- Autor desconhecido
- Emílio Biel

Desabamento nos Guindais em 27 de Janeiro de 1879. (Porto)

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Já abordamos os Guindais, no Porto, sob vários temas, como por exemplo, o Funicular original. 
O local, por alguma razão, parece ser propenso a eventos, muitas vezes pouco agradáveis. Nesta publicação falaremos do terrível desabamento, ocorrido em 27 de Janeiro de 1879.
Clique nas imagens para as ampliar
Derrocada nos Guindais, seguida de incêndio (27 de Janeiro de 1879). Gravura de J. J. Pinto
Em 27 de Janeiro de 1879, a escarpa dos Guindais desabou, levando consigo o casario existente no local, nomeadamente todo aquele que se estendia pela sua sua base. 
Seguidamente, por entre os destroços das casas, deflagrou um grande incêndio que se prolongou por toda a tarde. A catástrofe atingiu tal magnitude, que nem no próprio rio Douro se estava a salvo. Uma embarcação despedaçou-se, após de ter sido atingida por um penedo que, após rolar pela encosta, a alcançou. 
A Ponte Pênsil (Ponte D. Maria II) oscilou com as ondas de choque, originadas pelo impacto da derrocada.
Derrocada e incêndio dos Guindais, em 27 de Janeiro de 1879. Gravura de Soares dos Reis
Desabamento nos Guindais, seguido de incêndio. Gravura de J. J. Pinto

Imagens:
- Soares dos Reis
- J. J. Pinto

Casa da Alfândega Velha ou Casa do Infante. (Porto)

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Não desapareceu! Pelo contrário, está cada vez mais presente e merece, pelo seu valor patrimonial, uma publicação neste espaço.
O edifício da real "Alfândega Velha", situado na confluência das ruas Infante D. Henrique e Alfândega Velha, é tradicionalmente conhecido como "Casa do Infante", por se acreditar ter sido neste edifício que o infante D. Henrique nasceu. 
É verdade que D. Henrique nasceu na cidade do Porto, mas não existem provas do local exacto. Ainda assim, esta casa é actualmente, um dos edifícios mais antigos da Invicta.
Casa do Infante. Cliché de autor desconhecido, 1909
A denominada "Casa do Infante" localiza-se na primitiva "Alfândega Velha", obra que foi erguida numa zona da cidade intensamente disputada entre o Cabido da Sé e D. Afonso IV. 
Em 1325 D. Afonso IV ordenou a edificação de algumas casas nessa área próxima da Ribeira e que a Igreja portuense reclamava como sua pertença. 
Sanado o conflito em 1354, o "Armazém Régio" e as restantes casas da Coroa continuaram nessa artéria do burgo. No reinado de D. João I abriram-se novos trechos urbanos, com destaque para a Rua Formosa, que corresponde à actual Infante D. Henrique. Nos meados do século XV, D. Afonso V ordenou a reconstrução das arruinadas casas da Coroa localizadas na Rua Nova, entre as quais se incluía a "Alfândega Velha". Uma nova ampliação e remodelação estrutural foi realizada em 1667 pelo futuro D. Pedro II, erguendo-se nessa altura a actual fachada da Casa do Infante e que correspondia ao edifício da já citada "Alfândega Velha". Por ocasião das comemorações do IV Centenário do nascimento do infante D. Henrique, assinalado em 4 de Março de 1894, obras de características revivalistas neogóticas procuraram reconstituir o ambiente e a decoração medieval da Casa do Infante.
Classificado como Monumento Nacional em 1924, o edifício veio a ser alvo de um grande restauro pela Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, no fim da década de 1950. Foi então entregue à Câmara Municipal do Porto e ocupado pelo Gabinete de História da Cidade.
Casa do Infante- Antes, durante e depois da intervenção - José Marques Abreu Júnior 1958
Em 1980, este deu origem ao Arquivo Histórico Municipal do Porto que conserva a documentação camarária desde o período medieval, para além de uma excelente colecção de plantas da cidade e ainda uma boa biblioteca com vasta e variada bibliografia dedicada à história do burgo.
Na década de 1990 foram feitas profundas escavações arqueológicas, cujos resultados, juntamente com o estudo documental e arquitectónico, permitiram conhecer com pormenor o local. As escavações proporcionaram uma visão mais rica dos edifícios e dos homens que os utilizaram. Para além dos objectos do quotidiano, as cerâmicas, os vidros, os selos da alfandegagem, entre outros objectos, constituem importantes indicadores dos fluxos comerciais que a cidade do Porto foi mantendo ao longo dos séculos.
A pesquisa arqueológica permitiu também a descoberta de vestígios de ocupações anteriores, nesta zona ribeirinha. Foram encontrados importantes testemunhos da ocupação romana, destacando-se os primeiros mosaicos do Baixo Império encontrados no Porto. A musealização destes vestígios, no local onde foram descobertos, foi um elemento essencial do projecto de transformação das instalações. Um circuito de visita museológico ilustra a história do local, desde a ocupação romana, com recurso a aplicações multimédia e a uma maqueta interactiva representando o Porto Medieval. Este núcleo museológico está integrado no Museu da Cidade.
A "Casa do Infante" tem a sua entrada principal localizada na Rua da Alfândega Velha e é composta por portal de largo arco abatido. Sobre este pode observar-se uma lápide comemorativa do IV Centenário do nascimento de D. Henrique, obra oitocentista moldurada com arco conopial e o brasão do infante. No lado superior esquerdo do portal é visível um escudo régio do século XVII.
Para além do mencionado portal principal, a extensa fachada seiscentista, remodelada segundo a linguagem revivalista de sabor neogótico do século XIX, é repartida em quatro andares, ritmados por 14 janelas de guilhotina molduradas. Superiormente corre uma arcaria sustentando o saliente beiral do telhado.
Transposta a porta principal, desemboca-se num pátio interior, espaço que estabelece a ligação entre as diversas dependências do edifício. Elementos arquitecturais e decorativos do período medieval gótico e seiscentista caracterizam as salas e acessos dos vários andares da Casa do Infante.

Fontes:
- Casa do Infante
- Porto XXI
- SIPA
- Infopédia

Bazar dos Três Vinténs. (Porto)

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Painel de azulejos, ainda existente, na rua de Cedofeita, no Porto, alusivo ao desaparecido "Bazar dos Três Vinténs", que esteve estabelecido naquele edifício.
Este painel foi pintado por F. Gonçalves (activo entre c. 1954 e c. 1978) e produzido na Fábrica do Carvalhinho, em Vila Nova de Gaia, como podemos ler na base do mesmo.
O "Bazar dos Três Vinténs", era uma grande loja onde se comercializavam brinquedos, numa época bem anterior aos Hipermercados, ou "lojas dos Chineses". 
Actualmente os brinquedos são, comparativamente, muito mais baratos, a oferta é muito superior e casas como este Bazar, desapareceram. 
No local do "Bazar dos Três Vinténs", abriria uma loja da "Zara" e mais recentemente uma loja da "Lefties".

Passo do Passeio Alegre. (Passos da freguesia de São João da Foz do Douro)

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Passo do Passeio Alegre. Frederick William Flower (1849-1859)
Segundo o Arquivo Paroquial de S. João da Foz do Douro, em meados do séc. XVIII, tornou-se imperativo a fixação dos passos, que eram armados para a procissão que os percorria no quarto Domingo da Quaresma. Isso tornava necessário a construção da algumas capelas, que simbolizassem alguns dos passos de Cristo. Contudo, devido à falta de fundos, só em 15 de Outubro de 1764, foi celebrado o contrato, com o mestre pedreiro Manuel dos Santos Porto, dando-se logo início as obras de construção. Em 1767 as capelas estariam já abertas aos fieis.
Na imagem de cima vemos o Passo do Passeio Alegre, que ainda existe actualmente, tendo no entanto sofrido algumas pequenas modificações. Originalmente possuía um coberto ou telheiro e uma sólida porta em madeira, que entretanto seriam retirados.
Foram cinco as estações da Via Sacra que foram construídas a instâncias da Confraria do Senhor dos Passos e de Nossa Senhora da Soledade. O Passo do Passeio Alegre fica na Rua do Passeio Alegre, ao fundo da rampa de acesso à Igreja de São João da Foz. O Passo de Santa Anastácia situa-se na Rua Padre Luís Cabral. Existe outro Passo na Rua Bela e na Rua do Alto da Vila.

Imagem:
- Frederick William Flower

Viela da Polé. (Porto)

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Praça de D. Pedro. Primeiros anos da República. Vemos  a extinta Viela da Polé do lado direito da imagem, no seguimento das escadas. Cliché de Aurélio da Paz dos Reis
Sobre esta viela, escrevia Alberto Pimentel em 1913: "a antiga viela da Polé, hoje entaipada, em atenção à higiene pública, por duas portas de ferro, numa e noutra extremidade".
A Viela da Polé, era uma travessia estreita existente nomeio da frente urbana poente da praça, ligando esta à Rua do Almada (antiga Rua das Hortas).
Praça de D. Pedro, vendo-se os antigos Paços do Concelho
Na esquerda do cliché (não visível) situava-se a antiga Viela da Polé
Quando se iniciou a abertura da Avenida dos Aliados, com o derrube do casario existente e a edificação de novos prédios mais modernos e majestosos, o Banco de Portugal adquiriu vários imóveis e terrenos no local, com o objectivo de erguer aí, a sua nova delegação no Porto. As aquisições englobaram a velha viela, o que permitiu aumentar ainda mais a fachada do Banco.

Imagens:
- Aurélio da Paz dos Reis
- AMP

Escadaria exterior da Igreja dos Congregados. (Porto)

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Igreja dos Congregados, num cliché obtido a partir do demolido Mosteiro de São Bento de Avé-Maria
O convento dos frades de S. Filipe de Nery, com janelas voltadas para a antiga Praça de D. Pedro (actual Praça da Liberdade), desapareceu quase por completo. Dele apenas sobrou o templo da invocação de Santo António e ainda hoje conhecido por Igreja dos Congregados, com a fachada voltada para a Praça de Almeida Garrett onde em tempos passados se localizou a velha Porta de Carros (entrada no Burgo) da conhecida Muralha Fernandina.
Praça de D. Pedro, vista da entrada da rua dos Clérigos
Atrás da estátua equestre do Rei, vemos o palacete que albergou os Paços do Concelho
Na direita da imagem, a igreja dos Congregados
Sobre a escadaria exterior da igreja, "misteriosamente desaparecida" e já muitas vezes questionada pelos nossos leitores, falaremos então agora um pouco. 
Começando pelo fim, tenhamos desde já a consciência que esta escadaria não desapareceu... pelo menos por completo. Tiraram-na da parte de fora da fachada da igreja e reconstruíram-na, embora em escala menor, na parte de dentro da porta principal. A razão principal é simples: - Uma questão de topografia.
O pavimento da praça variou de nível ao longo dos anos, o que forçou o desaparecimento das primitivas escadas que davam acesso à porta principal da igreja.
Cliché da actual praça Almeida Garrett, obtido do término da extinta praça de D. Pedro
Na esquerda vemos a igreja dos Congregados, com a sua antiga escadaria exterior. Ao centro da imagem, vemos a rua de Santo António (31 de Janeiro) à direita da qual visualizamos, a actual rua da Madeira
Segundo uma planta, desenhada por D. José Champalimaud de Nussane em 1790, verifica-se com facilidade que as primitivas escadas eram constituídas por degraus paralelos à fachada como também o demonstra o artista J. C. Vila Nova num dos seus belos desenhos da colecção que publicou em 1834. Olhando atentamente o desenho de Vila Nova verifica-se que eram 7 ou 8 os degraus em frente à porta principal do templo. Chega-se à mesma conclusão olhando para um belo desenho de autor anónimo que existe (pelo menos estava lá há anos) no Museu Nacional de Soares dos Reis e que nos mostra um aspecto do "Largo da Feira de S. Bento e Porta de Carros nos finais do século XVIII".
Na Planta de 1839 aparecem umas escadas diferentes daquelas a que nos temos referido. Ocupam um espaço mais reduzido do que as primitivas mas ficavam sobre o passeio estorvando, dessa maneira, o trânsito que por essa época era já considerável. A diferença mais acentuada em relação ás anteriores era a de que, enquanto as escadas primitivas apareciam na situação de paralelas a fachada, na Planta de 1839 eram perpendiculares. Mantiveram-se perpendiculares até 1913, ano em que foram definitivamente retiradas e substituídas por outras, as actuais, metidas dentro do corpo da própria igreja, conforme projecto aprovado em sessão da Câmara de 8 de maio daquele ano.

Fontes parciais:
- CMP
- Jornal de Notícias
- AMP
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